Oh mulher como és fraca, e como és forte, como sabes ser doce e desgraçada
"O que é que é ser uma mulher «Bem amada» ?"
Dalila Carmo: É receber amor e reconhecimento e estar absolutamente permeável a essa recepção, a essa partilha. Nós às vezes gostamos daquilo que temos disponibilidade para gostar. As pessoas quando estão disponiveis para gostar de alguma coisa têm uma atitude completamente diferente de quando não gostam; E às vezes sentimos isso, não é? (...) Nas nossas relações afectivas há uma predisposição para amar, ou não, (...) da mesma forma que tem de haver predisposição para receber. Uma mulher bem amada é uma mulher que recebe afecto e está disponivel para o receber. Nós temos alturas em que todo o amor que recebemos não nos chega, não é suficiente, ou dura umas horas. Muitas vezes não somos capazes de reconhecer isso: às vezes temos uma atitude de revolta perante a vida, que nem nos permite olhar para as coisas e reconhecer a quantidade de amor que está posta em nós naquele momento. Ser "bem amada" não tem só a ver com a quantidade de amor que recebemos, mas com a qualidade da nossa recepção e o sermos capazes de sentir gratidão por isso, porque muitas vezes nos esquecemos. Muitas vezes as pessoas estão a gostar de nós, estão nos a apoiar, a reconhecer o trabalho, o amor, a entrega, e nós estamos tão presos num outro problema qualquer que isso não nos chega, não nos satisfaz, e que achamos que isso é pouco. Sermos bem amados também depende de nós.
In Alta Definição
Entrevista de Daniel Oliveira a Dalila Carmo
E eu, na minha complacente curiosidade, atrevo-me a dizer que não podería estar mais certa.