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Ora, esta tarde, numa de descomprimir, passei uma horinha com isto:
Hoje a M. despediu-se definitivamente dele. E não foi essa a única despedida. Muitos de nós nos apercebemos do quão ridiculos eramos, prestando atenção às coisas mais estúpidas e triviais, quando, o que era realmente importante, estava mesmo diante de nós.
Chorei. Nunca pensei que me afectasse tanto, assim como a alguns amigos nossos. O R. abraçou-a como nunca tinha visto, e chorou descompassadamente. A turma, onde sempre houvera rivalidades e conversas mesquinhas, estava ali praticamente toda por ela, e para ela. Tiveram a sensatez de pôr tudo isso de parte e, no fim, todos nós nos juntámos, partilhamos o mesmo espaço unidos por uma só compaixão.
Agora que reparo nisso, orgulhei-me deles. Orgulhei-me de saber que, na essência de cada um, não existem assim pessoas tão más quanto isso. Existem pessoas mal resolvidas consigo próprias e com a vida. Pessoas injustiçadas, ou que já sofreram muito. Mas nestes momentos em particular, a verdadeira natureza de cada um veio à superfície e isso, essa esperança, para mim, foi o suficiente.
Hoje, num aparente monótono dia de aulas, recebemos a noticía de que o pai da M. morreu. Ela também não sabia de nada. Durante uns segundos ficamos t
odos a olhar uns para os outros, do tipo "slow motion mode". Ninguém sabia o que dizer, ou o que fazer. Ninguém.
Garanto-vos de que é o pior sentimento de impotência que alguma vez podem sentir: verem um amigo vosso a sofrer, à vossa frente, e vocês querem reconfortá-lo, minimizar a sua dor, mas não podem! Simplesmente não conseguem, ou não sabem como!
Uns choraram, outros faziam dissertações acerca de como seria o futuro da M. Inevitavelmente, o sentimento de "pena" apoderou-se de muitos de nós.
Para ser franca, nunca imaginei - ou melhor - nunca supus sequer, uma situação destas, que nos pudesse afectar tanto, não sendo "directamente" connosco.
Alguns instantes depois, comecei a pensar: "E se fosse comigo? E se me dissessem que alguém que eu amo acabara de morrer, assim, de um instante para o outro?". E acabei por chegar à conclusão de que perdemos demasiado tempo. Tempo com futilidades, com brigas mesquinhas, intrigas, coisas meramente insignificantes. Porque, no fim de contas, é nestes momentos que vemos o que para nós, para mim, para ti que estás a ler isto, é realmente importante: e tudo se resume a pessoas e a sentimentos. Por isso, não percam tempo com coisas desnecessárias, por favor. Porque de certeza que há por aí alguém a precisar de ti, de uma palavra amiga. Dá-lha, enquanto tens essa oportunidade, porque daqui a nada pode ser tarde demais.
E força, M. Estamos todos contigo.
Não é hábito, mas cá vai o meu dia. Preciso de "despachar" isto tudo em algum lado, para evitar andar aos murros em alguém. Ora, cheguei à conclusão de que o P. é bipolar (srsly, não sou a unica a achar isso). O B. num dia decide dizer uma coisa, mas no dia seguinte faz outra completamente diferente, tentando parecer um fofinho para toda a gente. O que ele não percebe -ou melhor, perceber até percebe, mas está-se simplesmente a borrifar para isso - é que acaba por magoar a Jo. A minha Jo. O F. está com uma pseudo-depressão em cima, daquelas que demoram bastante tempo a curar, e até é compreensível. Já o L. teve uma súbita vontade de me humilhar publicamente -que fofo- e o x foi uma desilusão. Entretanto, os excelsos professores decidiram - desculpem-me - "vomitar" matéria, relatórios e trabalhos de grupo, numa altura em que estamos prestes a entrar em exames, com uma tonelada de testes pelo caminho. E no meio disto tudo, manter a sanidade mental é uma tarefa um tanto ou quanto complicada, mas lá vamos tentando.
entretanto encontrei esta adorável coisinha:
E eu aqui, por entre os meus livros e canetas, promessas de sonhos, esperanças inquietas, interrogo-me sobre o teu paradeiro. Se nos debruçarmos sob o relógio do coração e recuarmos algum tempo, verás que condensaste grande parte da tua alma naquela altura. A tua e a minha. Vivemos... eu sei lá, vivemos tanta coisa que, sinceramente, não me apetece parafrasear nenhuma daquelas citações bonitinhas, para o dizer. Vivemos. Foi nosso, foi bom. E ponto.
O que eu sem o mínimo sarcasmo, estranho, é que, depois disso, somos meros estranhos. Esqueci o teu cheiro, a tua morada. Deixamos as peças perdidas aí num qualquer lugar, à mercê da erosão da vida. Dissemos que sería igual, como antes. Mas agora acredito que ambos sabiamos que era mentira.
Mais uma daquelas "verdades" que fingimos acreditar, para que as coisas sejam mais fáceis. Nós e a nossa cobardia, claro está.
Mas enfim, era só um desabafo. E desculpa por ter emoldurado qualquer coisa tão nossa.
Não me fales mais, eu compreendo. Muda de passeio, quando passares por mim. Finge que não me vês. Mas, por favor, peço-te somente que me deixes o coração em paz.
"O que é que é ser uma mulher «Bem amada» ?"
Dalila Carmo: É receber amor e reconhecimento e estar absolutamente permeável a essa recepção, a essa partilha. Nós às vezes gostamos daquilo que temos disponibilidade para gostar. As pessoas quando estão disponiveis para gostar de alguma coisa têm uma atitude completamente diferente de quando não gostam; E às vezes sentimos isso, não é? (...) Nas nossas relações afectivas há uma predisposição para amar, ou não, (...) da mesma forma que tem de haver predisposição para receber. Uma mulher bem amada é uma mulher que recebe afecto e está disponivel para o receber. Nós temos alturas em que todo o amor que recebemos não nos chega, não é suficiente, ou dura umas horas. Muitas vezes não somos capazes de reconhecer isso: às vezes temos uma atitude de revolta perante a vida, que nem nos permite olhar para as coisas e reconhecer a quantidade de amor que está posta em nós naquele momento. Ser "bem amada" não tem só a ver com a quantidade de amor que recebemos, mas com a qualidade da nossa recepção e o sermos capazes de sentir gratidão por isso, porque muitas vezes nos esquecemos. Muitas vezes as pessoas estão a gostar de nós, estão nos a apoiar, a reconhecer o trabalho, o amor, a entrega, e nós estamos tão presos num outro problema qualquer que isso não nos chega, não nos satisfaz, e que achamos que isso é pouco. Sermos bem amados também depende de nós.
In Alta Definição
Entrevista de Daniel Oliveira a Dalila Carmo
E eu, na minha complacente curiosidade, atrevo-me a dizer que não podería estar mais certa.