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Tens a loucura que a manhã ainda te traz

Este blog resume-se, basicamente, aos meus devaneios mentais.

Tens a loucura que a manhã ainda te traz

Este blog resume-se, basicamente, aos meus devaneios mentais.

28
Jun12

As palavras chegaram à cidade

Catarina Watson.

 

O FESTIVAL SILÊNCIO ESTÁ PRESTES A INVADIR VÁRIOS ESPAÇOS DA CIDADE

"O Festival Silêncio pretende devolver o poder à palavra cruzando-a com as diferentes artes e sublinhando o papel vital desta na criação artística. 

De 26 de Junho a 1 de Julho, a palavra inscreve-se na vida da cidade pela mão de escritores, artistas plásticos, encenadores, músicos, actores, cineastas que exploram essa íntima relação com a linguagem. 

Seja qual for o seu modus operandi, é através da palavra que grandes nomes da cena literária e artística irão partilhar com o público a sua própria visão do mundo. 

Dos concertos aos espectáculos multimédia, das conversas às leituras encenadas, do cinema à poesia, cruzam-se disciplinas, práticas e públicos. 

Numa época em que se valorizam as imagens em detrimento das palavras, o Festival Silêncio pretende dar voz aos criadores num palco transversal aberto à reflexão e ao debate. "

 

in:http://www.festivalsilencio.com

27
Jun12

Quotes: eu em palavras #1

Catarina Watson.

"Quem quer ficar, fica, nem precisa de pedidos, muito menos de alguém segurando a barra da calça (chorando e se arrastando pelo chão, na tentativa de impedir a fuga), suplicando amor e cuidado. Ele tinha razão, amor não se pede, se dá…" -Clarissa Corrêa

 

"Eu tô só vendo, sabendo, sentindo, escutando e não posso falar."Chico Buarque

 

 


21
Jun12

Coisas que toda a gente sabe, mas é o que se arranja por aqui. Amelie, Amelie.

Catarina Watson.

Eu acho alguma piada, sinceramente, a umas imagens que andam a circular pela internet com mensagens do tipo: "Acabem com os estereótipos. Algum dia viveremos num Mundo sem diferença?". E, depois, as mesmas pessoas que partilham essas mensagens chegam a uma festa e bebem, e ridicularizam quem não "bebe"; são capazes de fazer as figuras mais desapropriadas nos locais mais inadequados; gozam com o miúdo gordo, ou com a rapariga dos óculos.

Estou a falar de adolescentes, claro está. Mas, no entanto, podería parafrasear o texto acima para alguns adultos.

Que vivemos numa sociedade injusta, hipócrita e preconceituosa todos nós sabemos. Mas, não nos façamos de vítimas: todos nós, pelo menos uma vez na vida, já fomos preconceituosos. Criticamos baseados no aspecto, julgamos pelo comportamento. E, depois, formulamos juizos de valor ou apontamos o dedo aos outros - tal como eu estou a fazer neste momento - porque é muito mais fácil. É sempre mais fácil apontar os defeitos dos outros, do que olharmos primeiro para nós próprios e reconhecermos, além das nossas virtudes, os nossos defeitos. Isso só demonstra sabedoria e generosidade.

Afinal de contas, na minha opinião, é precisamente aqui que reside todo o problema da intolerância. Conhecemo-nos mal, mas conhecemos ainda pior o desconhecido. E, por essa razão, temê-lo.

 

Não gostamos de gordos nem de muito magros, nem de feios, nem photoshop. Uns não gostam de gays. Outros não gostam de "pretos". Uns dizem mal daquele que dorme ali no vão de uma escada, porque anda metido na droga; outros não gostam no ministro X que tem corrupção escrita na testa. 

E no meio de toda esta variedade de linguas, cores, escolhas, preferências, haverá sempre alguém incompreendido ou injustiçado. Daí a minha insistência com o "conhecermo-nos a nós próprios". Porque o primeiro passo para nos sentirmos bem com outrém é aceitarmo-nos a nós mesmos. Ninguém, para além de nós, deverá saber precisar todos os nossos pontos fracos, mas também qualidades. Caminhamos a passos largos para o isolamento, consumindo-nos pela "tempo".

Precisamos de confiança, de auto-estima e vivacidade. Positivismo, acima de tudo. Dediquemo-nos então à simplicidade, porque tudo parte daí. Dediquem-se à vossa família e aos vossos amigos, valorizem aquilo que vos cerca. Olhem, dediquem-se ao amor, porque não?

 

 

 

amazing, amelie poulain, city, couple, girl - inspiring picture on Favim.com

21
Jun12

E se inventado, o teu sorriso fôr?

Catarina Watson.

Cheguei à conclusão de que estamos os dois à espera. Eu espero que digas, tu esperas que eu entenda. Eu espero por ti, tu esperas que eu sinta a falta. Acabamos por perder-nos no entretanto. Eu vou soltanto palavras, cuidadosamente, para que camuflem qualquer denuncía de sentimento.

E tu, do cimo da tua ambiguidade, vais-me sussurando qualquer coisa que ainda não decifrei.

Qualquer coisa que me deixa alerta, expectante, ou ainda, desiludida.

Qualquer coisa que eu não entendo e que ao mesmo tempo que me irrita, me delicía.

Há quem lhe chame amor. Eu, eu não sei. Espero, mais uma vez, que me expliques.

 

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13
Jun12

O Zé

Catarina Watson.

Hoje de manhã finalmente me decidi a começar a estudar alguma coisa, e lá fui para a biblioteca.

No entanto, passados cerca de 10 minutos, vejo entrar por aquela porta o Zé. Fiquei mais do que admirada: o Zé?? Veio à biblioteca??

Ora passo a explicar: o Zé é aquele tipo de rapaz que muitos, baseados na sua aparência, consideram como o «rufia». Mas enganam-se.

Nós andámos na mesma turma há já alguns anos, quando tinhamos 11 ou 12 anos. Ele faltava às aulas, fumava nos intervalos, discutia com os professores, mas, acima de tudo, era imcompreendido.

Não me recordo de como começámos a falar, mas sei que a início o nosso diálogo não foi, de todo, fácil. Pelo contrário. Mas à medida que o tempo decorria, eu ía-me apercebendo da pessoa maravilhosa que ele era. O zé sempre foi um rapaz muito inteligente; e, no fundo, era muito boa pessoa, ajudando-me, inclusive, quando mais precisei.

Mas é claro que a grande maioria prefere «rotular», em vez de compreender o outro. Muitas vezes o que causa mais impacto é a marca dos sapatos, ou a camisa bem apresentada, e esquecemo-nos do que realmente conta.

Porque apesar de toda a «porcaria» - que não tem outro termo - que o Zé fazia, ele necessitava, acima de tudo, que alguém se tentasse pôr no lugar dele e tivesse a familia (?) que ele tinha, os problemas que ele sofria em casa. Mas ninguém viu. Ninguém tentou. E o Zé, mais uma vez, chumbou.

 

Passaram-se mais alguns anos, e reencontrei-o no final de umas férias de Verão, quando estávamos prestes a iniciar o Ensino Secundário.

E eu, sem saber muito bem o que esperar daquela resposta, perguntei-lhe se ele iria continuar a estudar, ou se ía para a minha escola - ao que ele me respondeu enquanto se ria:

"Achas mesmo que vou para uma escola dessas cheia de betinhos como tu?"

"Continuas o mesmo"- pensei.

Entretanto nunca mais falámos. Vimo-nos uma vez, ou outra, na rua e ele cumprimentava-me apenas com um tímido aceno de cabeça.

Nunca mais soube nada dele. Até hoje.

 

Sentou-se na mesa do fundo a folhear um jornal, e entreteve-se assim durante algum tempo. Nunca me dirigiu a palavra. E eu, guardava para mim uma insegurança estúpida de se ele, porventura, ainda se recordaría de mim. Lembrei-me de tudo isto, das nossas brincadeiras, das parvoíces dele.

Quando finalmente ganho coragem para lhe dirigir a palavra, levanto a cabeça dos livros e vejo-o a sair. Deixou apenas o jornal em cima da mesa.

E eu, fiquei ali durante alguns instantes a olhar para aquela cadeira vazia, e a interrogar-me acerca do futuro de todos os "Zé's" da nossa sociedade.

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