Eu podia dizer-vos muita coisa, fazer as metáforas minhas, e os hipérbatos vossos, mas como as palavras - ainda nem por mim pronunciadas - já vos chegam aos vossos olhos com outras cores, hoje fico-me por aqui.
Sem saber porquê, mais dia, menos dia, voltamos ao passado.
Sacode-se a poeira, abre-se a gaveta, e entregamo-nos áquilo que lá guardamos. Áquilo que cada um de nós lá guarda. Ou não tivessemos todos aquelas memórias que, por serem tão nossas, não merecem ser de mais ninguém, a não ser daqueles com quem as vivenciamos.
No meu inconsciente sempre guardei - e guardo - esperanças secretas de vivenciar isto, ou aquilo.
E talvez seja isso a única coisa que me motive a ir de encontro ao amanhã, e ao depois, e ao depois do depois. Até nos cruzarmos. Ele tenta, eu - para não variar - decido fazer-me de forte. Fingir que não quero nada. Ele sabe como, eu sei porquê.
"A gente pode morar numa casa mais ou menos, numa rua mais ou menos, numa cidade mais ou menos, e até ter um governo mais ou menos.
A gente pode dormir numa cama mais ou menos, comer um feijão mais ou menos, ter um transporte mais ou menos, e até ser obrigado a acreditar mais ou menos no futuro.
A gente pode olhar em volta e sentir que tudo está mais ou menos...
TUDO BEM!
O que a gente não pode mesmo, nunca, de jeito nenhum... é amar mais ou menos, sonhar mais ou menos, ser amigo mais ou menos, namorar mais ou menos, ter fé mais ou menos, e acreditar mais ou menos.
Senão a gente corre o risco de se tornar uma pessoa mais ou menos."