Os Homens são tão previsíveis. Baseiam-se em duas regras: amar e odiar descompassadamente. Ou gostamos, ou não gostamos. Não achamos meio termo. E é daí que deriva tudo o resto. Obviamente que ninguém gosta de criar inimizades. Mas eu, particularmente, tento escudar-me ao máximo daqueles "ódiozinhos de estimação". Porque, para mim, ter alguém que nos odeie é como um aspirador de felicidade, um buraco negro que te suga toda a felicidade em ti e não lhe deixa escapar nada.
Afinal de contas, deve ser esse o objectivo de quem te detesta. Não te ver feliz, não querer o teu sucesso. Querer o teu mal. E isso é das coisas mais desprezíveis do ser humano.
O problema são as questões mal resolvidas e as atitudes incompreendidas. A falta de "pôr-se no lugar do outro". E irrita, revolta, dói.
Eis que surge a superioridade: concentrar as nossas energias naquilo que amamos e nos é importante.
Todas as citações que publiquei até agora são excertos do livro "O principezinho". Este é um daqueles livros que, tal como eu, muitos de vocês devem ter no fundo da estante lá de casa, nas memórias da vossa infância.
Pois eu voltei a lê-lo, e acho que mais do que qualquer crítica que eu possa fazer, os excertos falam por si. Considerem isto a minha maneira preguiçosa de dizer que adorei este livro.
" As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para os viajantes, as estrelas são guias., Para outros, não passam de luzinhas. Ainda para outros, os cientistas, são problemas. (...) Tu, tu vais ter estrelas como mais ninguém (...) À noite, vais-te pôr a olhar para o céu e, porque eu moro numa delas, porque eu me estou a rir numa delas, então, para ti, vai ser como todas as estrelas se rissem! Vais ser a única pessoa do mundo que tem estrelas a rir! E quando estiveres consolado (afinal acabamos sempre por nos consolar), vais ficar contente por me teres conhecido. Vais ser sempre meu amigo. Vai-te apetecer rir comigo. E, às vezes, sem mais nem menos, vais abrir a janela, só por ser bom... E os teus amigos vão ficar espantados por te verem a olhar para o céu a rir. Mas tu dizes-lhes: «Pois é! As estrelas dão-me sempre vontade de rir!» E eles vão ficar a pensar que não estás bom da cabeça."
"Mas os olhos são cegos. Só se procura bem com o coração. (...) Quando nos deixamos cativar, é certo e sabido que algum dia alguma coisa nos há-de fazer chorar."
"Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos..."
"E era verdade. Sempre gostei do deserto. Uma pessoa senta-se numa duna. Não vê nada. Não ouve nada. E, no entanto, há qualquer coisa a brilhar em silêncio."
"Só conhecemos o que cativamos (...) Os homens deixaram de ter tempo para conhecer o que quer que seja. Compram as coisas já feitas aos vendedores. Mas como não há vendedores de amigos, os homens deixaram de ter amigos. Se queres um amigo, cativa-me !"
"(...) Se tu achares um diamante e ele não for de ninguém, passa a ser teu. Se tu achares uma ilha e ela não for de ninguém, passa a ser tua. Se tu fores o primeiro a ter uma ideia, tiras-lhe a pantente: é tua. Pois eu tenho as estrelas porque, antes de mim, nunca ninguém se tinha lembrado de as ter."