Leituras #19
"Mas não pode ser e, agora, estou sozinha. Sozinha e rodeada de inimigos numa terra hostil a tudo o que é grande, numa terra onde só se cortam as árvores para que não façam sombra aos arbustos..."
IN, FELIZMENTE HÁ LUAR!
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"Mas não pode ser e, agora, estou sozinha. Sozinha e rodeada de inimigos numa terra hostil a tudo o que é grande, numa terra onde só se cortam as árvores para que não façam sombra aos arbustos..."
IN, FELIZMENTE HÁ LUAR!
"Não seria mais humano, mais honesto, ensiná-los, de pequeninos, a viverem em paz com a hipocrisia do mundo?"
in, Felizmente há luar!
Hoje venho contar-vos uma história. A história de uma amiga, mas que poderia ser minha, ou vossa, certamente que igual à de alguém por aí.
Não querendo soar moralista, permitam-me que vos questione: O que é que esperam da vida? A sério, respondam-me. Não tenham medo de parecer ridículos, ou de cair na banalidade. Digam-me. Mas digam-me. É que há quem diga que quer amor, felicidade, dinheiro, saúde, amigos.
Querem amigos? Vacinem-se contra a "curta memória". Vacinem-se contra a "desilusão". Depois, aí sim, encontrem amigos. Encontrem? Ainda hoje me pergunto, se somos nós que os procuramos, se são eles que nos encontram. Talvez todos nós procuremos a mesma coisa, até que, determinado dia e momento, colidimos nas rotas uns dos outros. Permanecemos, frente a frente, durante uns instantes. Mas depois continuamos o nosso caminho. Deve ser isso. E eu, cedendo ao meu lado sonhador, gostava de poder acreditar na amizade e no amor para sempre. Mas como o mundo não se faz só de sonhos, temo que isto não seja possível, e que me resta simplesmente deixar tudo na mão do destino.
Porque, aquilo que eu menos queria, era que a minha história terminasse como a da minha amiga: "Não via a X desde os tempos da faculdade. Telefonava-lhe de tempos a tempos, e passavam «horas» ao telefone. Mas um dia, o Y disse-me que não podia ser sempre eu a telefonar. Que se aquilo era realmente uma amizade, a X também deveria ter a iniciativa de me ligar, preocupar-se comigo."
E eu, temendo que a minha previsão se consumasse, ainda perguntei: "Então e quando deixaste de telefonar, o que é a que a X fez?"
Ao que a minha amiga respondeu: "A X? Espero um telefonema dela até hoje."
"nunca fui capaz de deitar os meus sentimentos cá para fora. Para alguns é tão natural como chorar: sentes e “bam”, soltas tudo o que tens dentro de ti.
Eu não sou assim. Sou mais teimosa em deixar-me ir, difícil de levar por quem quer que seja.
No entanto, também não sou o gigante de marfim que muitos pensam que sou.
E, portanto, como faltavam exactamente 3 dias para a minha partida, decidi deixar lhe um bilhete.
Prometia voltar brevemente e nunca me esquecer dele. Prometia ligar todos os dias.
Mas aquilo era mais um pedido de «não te esqueças de mim», do que outra coisa.
Deixei o bilhete em cima da mesa e vim-me embora, esperando que ele compreendesse. Que ele não me esquecesse."
O que eu escrevia há um tempo atrás, quando sonhava ter um italiano para noivo e achava que conseguia agarrar o mundo. Watson, não mudaste nadinha.
Ecos. À medida que se aproxima, afasta. Finge sorrir. Acena com uma mão, diz que não com a outra. Impasse. Enquanto o tempo passe.
N(s)ós.