Para o cimo dos cimos
Minha pequenina,
Hoje venho falar-te de Máscaras. Aqui, ali. Em todo o lado. Queres respirar, mostrar-lhe que vale a pena, mas não consegues. Tu percebes.
Eu e o «não» sempre tivemos uma relação muito intimista desde sempre, e ele teima em não me largar. Ora viste?
Mas já nem quero saber disso. Enquanto conseguir correr, desbravar orlas e não me deixar sucumbir pela aridez do seu deserto, eu farei tudo o que me é possível para chegar até ti. Pode tardar, mas irei.
O mundo dos Homens é muito complicado. E feio. Acima de tudo feio. Mas tu não precisas de te preocupar com isso, terás muito tempo. O teu próprio tempo. Entretanto, irás pensar que podes decidir que queres pensar «branco» ou «preto», mas um ignorante qualquer atravessar-se-á no teu caminho e dizer-te que tens de pensar «cinzento». Porque o cinzento é muito mais fácil, tornas-te igual aos outros. E isso é que é preciso! Temos de ser iguais e acobardarmo-nos, não podemos ser diferentes.
Mas, minha querida, nunca acredites nisso. Lembra-te.
Sabes que gosto mais do papel, para leres, amarrotares, (des)dobrares um sem número de vezes e guardares no bolso. Mas como decidiste dificultar-me esta tarefa, não permites o papel. E já me fizeste sorrir. Sabes porquê? Porque são pessoas como tu, que dificultam as coisas mais banais, que nos lembram que vale a pena viver. Vale a pena ser diferente, com tudo o que isso acarrete de bom, ou mau. Mas vale a pena.
Toma conta de ti,
Catarina W.