Um-dó-li-tá
O relógio marca Seis horas. Seis horas disfarçadas pelo precoce anoitecer de inverno. A cidade começa a iluminar-se, aos poucos, entregando-se à pressa rotineira daquelas sombras que por ali passam.
Eu encho o peito de tranquilidade e sinto-me - mais do que nunca - minha. Vêm pedir-me dinheiro, mas viro a cara e continuo. Percorremos a avenida de uma ponta, à outra.
Na minha cabeça ecoam palavras perdidas, que não são minhas, nem para mim. Quero agarrar aquele momento, quero sentir-me assim, como há muito não sentia.
Entrego-me, deixo-me ir.
Regresso. Comigo trago apenas as memórias.
E tudo volta inevitavelmente ao que era.